Cirurgia para Ronco e Apneia ?
Cerca de 45% dos adultos normais roncam ocasionalmente e 25% habitualmente, ou seja, uma entre quatro pessoas.
Existem vários tratamentos disponíveis e podem ser clínicos, que inclui: medidas comportamentais, fonoterapia, aparelho intraoral ou de pressão positiva (CPAP), ou cirúrgico (diversas técnicas).
Vamos escrever algumas considerações sobre o tratamento cirúrgico para que você conheça um pouco mais sobre as várias possibilidades deste tipo de terapêutica.
Tratamento Cirúrgico para Ronco e Síndrome da Apneia Obstrutiva (SAOS)
Existem várias técnicas cirúrgicas disponíveis para o tratamento do ronco e da SAOS. Algumas cirurgias são indicadas para melhora do quadro e outras são estratégias para melhorar adesão a tratamentos clínicos como CPAP e aparelho intra oral como a cirurgia nasal por exemplo.
A seleção dos pacientes a serem submetidos aos diferentes procedimentos é o fator mais relevante quando se pensa em operar.
Deste modo a avaliação pré-operatória tem importância fundamental no sucesso desse tipo de terapia e as expectativas do paciente devem ser consideradas.
A avaliação pré-operatória deve incluir:
• História clínica, exame físico geral, avaliação facial e da via aérea superior;
• Polissonografia de noite inteira;
• Exames complementares da via aérea superior: vídeo endoscopia nasossinusal de rotina e videoendoscopia do sono em alguns casos;
• Tomografia computadorizada: avaliação do nariz e outros locais se a anatomia estiver alterada.
Considerações para indicação de procedimentos cirúrgicos:
• Presença de alteração anatômica de via aérea e/ou crânio-facial que justifique a realização do procedimento escolhido;
• A impossibilidade, não adesão ou insucesso de outras terapias;
• Gravidade da SAOS;
• Índice de massa corpórea (obesidade e sobrepeso);
• Faixa etária;
• Presença de comorbidades;
• Presença de alterações anatômicas;
• Desejo manifesto do paciente pelo tratamento cirúrgico em concordância com o médico, após os esclarecimentos do tratamento escolhido.
Tipos de procedimentos cirúrgicos:
Os procedimentos cirúrgicos utilizados no tratamento da SAOS compreendem cirurgias nasais, faríngeas, crânios-faciais (esqueléticas) e traqueostomia. Esses podem ser efetuados isoladamente ou em conjunto, num mesmo tempo cirúrgico ou em tempos cirúrgicos diferentes.
1- Cirurgias Nasais: podem melhorar a qualidade de vida e os sintomas diurnos ao reduzirem a fragmentação do sono oriundo dos despertares associados à obstrução nasal. Este procedimento pode ser associado a outros tipos de cirurgia (faringoplastia por ex.) e também é considerado para melhorar a adesão ao CPAP e ao aparelho intraoral, modalidades clínicas de tratamento.
2- Uvulopalatofaringoplastia (UPFP): foi o primeiro procedimento cirúrgico descrito com o intuito de tratar pacientes com ronco. Desde então vem sendo modificada por variadas técnicas. Trata-se da remoção de parte do palato mole e úvula (campainha) associada ou não a amigdalectomia.
3- Faringoplastias: a tendência atual é a abordagem da parede lateral da orofaringe e reposicionamento do músculo palatofaríngeo, poupando a região do palato mole e da úvula quando não existe alteração nestas estruturas. Geralmente é associada a amigdalectomia.
4- Cirurgias esqueléticas: ajuste do arcabouço ósseo com o objetivo de reposicionar estruturas ósseas e musculares e aumentar o espaço para a passagem do ar. Algumas técnicas podem mudar a fisionomia e a informação ao paciente é fundamental.
5- Procedimentos na base da língua: ressecção parcial de tecido da base da língua quando observada obstrução neste local.
6- Traqueostomia: é o procedimento cirúrgico de maior eficácia, porém, é uma opção de exceção devido às suas repercussões psicossociais.
A escolha do melhor método para o tratamento de cada caso só é feita após o diagnóstico correto da SAOS e avaliação dos sintomas e critérios de gravidade da doença e condições associadas. A consulta otorrinolaringológica com exame clínico e físico, polissonografia, vídeo endoscopia nasossinusal, além de outros exames são fundamentais para definir a melhor opção para você.
Agende sua consulta para avaliarmos o seu caso!
Texto: Dra. Mariana Maia
Otorrinolaringologista, Membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e da Associação Brasileira do Sono